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EXPERIÊNCIAS ESCOLARES COM O LOCAL: SENSIBILIDADES E SUSTENTABILIDADES ECOLOGIZANDO FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO
D Mezadri Almeida

Última alteração: 2017-01-31

Resumo


EXPERIÊNCIAS ESCOLARES COM O LOCAL: SENSIBILIDADES E SUSTENTABILIDADES ECOLOGIZANDO FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO[1].

Denize Mezadri de Almeida [2]

Resumo

Aqui se tece formação e educação ambiental, nas redes de sentidos propiciadas nas narrativas das experiências escolares docentes no espaço e o devir das existências onde estão inseridas as escolas nas quais trabalham, ampliando-se fundamentações na experiência-sentido e experiência-formação (LARROSA, 2002). Experiências nomeadas pelos docentes em redes de invenções, interrelações, visão, surpresas, prazer, criações, momentos de renovação e maravilhamento, para não citar outras produções da/na formação e a educação socioambiental.

 

Palavras Chave: Educação Ambiental; Formação Socioambiental; Experiências-sentidos.

INTRODUÇÃO – Aproximações e atravessamentos iniciais

Ao exaltar a experiência que necessita de momentos de interrupção, sem excesso de informações, de opiniões, de trabalho e escassez de tempo, Larrosa (2002) abre porta às formações na experiência humana em sua historicidade relacional. Essa é fora da lógica social vigente de fragmentação humano e mundo e focada em individualismos, desigualdades e “perda de afetividade, do amor, da capacidade de se relacionar do um com o outro (social), do um com o mundo (ambiental)” (GUIMARÃES, 2004, p. 26).

Por nosso trabalho se tratar de experiências “com” o ambiente e não “sobre”, “para, “em” ambiente, compreendemos que os sujeitos, pensam e usam a sua “corporeidade em movimentos em relação ao meio ambiente num sentimento de que não vive numa natureza que é distante, mas que é natureza em sua própria corporeidade” (RODRIGUES & GONÇALVES, 2009, p. 7).

Diferente do operar cognitivo entende-se que os sentidos dados nas experiências educativas com o local, operam com o pensar de “nossa biologia de seres vivos que somos existentes na linguagem com reflexão na dinâmica das relações responsáveis na convivência com os seres humanos e a natureza” (MATURANA, 1998, p. 43-44).

Na problemática de investigar possíveis na rede de sentido das experiências escolares com o local, a saber, da formação e educação socioambiental, as fundamentações de experiências-sentido e experiência-formação (LARROSA, 2002), propõem múltiplos e singulares sentidos, pois as experiências humanas nesses modos são irredutíveis e tocam cada um/a de maneira diferente.

METODOLOGIA

Para a exposição desta dinâmica de compreensão de “seres-sendo e não de ex-plicação, ou seja, um dizer de fora” (MACEDO, 2012, p. 55), nomeia-se, usando as “palavras”, sentidos frisantes e apaixonantes de onze professores/as que propiciaram experiências escolares com a localidade de um município do interior da região sudeste do Brasil, onde estão inseridas as escolas nas quais trabalham. Palavras nomeadas, pelos mesmos, após suas narrativas, com a seguinte questão: que sentido atribui às experiências com o local? Pois, pensando com Larrosa:

Nomear o que fazemos, em educação ou em qualquer outra outro lugar, como técnica aplicada, como práxis reflexiva ou como experiência dotada de sentido, não é somente uma questão terminológica. As palavras com que nomeamos o que somos, o que fazemos, o que pensamos, o que percebemos ou que sentimos são mais do que simplesmente palavras. E, por isso, as lutas pelas palavras, pelo significado e pelo controle das palavras, pela imposição de certas palavras e pelo silenciamento ou desativação de outras palavras são lutas em que se joga algo mais do que simplesmente palavras, algo mais que somente palavras (LARROSA, 2002, p.21).

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS – Procurando passagens para viajar mais e mais e não concluir...

No exercício de denominação de palavras-sentido nas experiências escolares com o ambiente significou jogar algo a mais do que simples e somente palavras. São os sentidos da própria expressividade existencial do que é, faz, pensa, percebe e sente o sujeito que realiza experiências “com/no” ambiente de todas as sagas relacionais de suas existências.

A proposta não é encontrar quantitativos e sim qualitativos que problematizem possibilidades de formação na educação socioambiental em redes de sentidos, que experiências escolares de onze docentes de educação básica com o ambiente de convivência podem possibilitar algumas marcas de sentidos- formativos numa educação ambiental que:

- Supera na “invenção” medos do conforto de sala de aula que nos distancia do ambiente e das compreensões acerca dos mundos naturais, das paisagens humanas, dos arredores físicos e biológicos;

- Propõe na “criação” e na “visão” propositais desmistificações preconceituosas e desvelam silêncios transescalares no ambiente;

- Com a “novidade” e “contatos” despertam interesses antes tamponados pelo currículo prescrito;

- Desencadeia no “prazer” identidades e a valorização do contexto e de suas raízes a abertura à tradição que vai possibilitar nossa compreensão de mundo.

- Preocupa-se com o sentido “formações humana” como determinado conhecimento produz a realidade;

- Insere com “percepções com a vida” compreensões, sem linearidades e supervalorizar o presente, de respeito para com a tradição e o passado;

- Dispare nas “interrelações” atuações na natureza de forma a entendê-la para viver com ela sem dominá-la;

E não menos, mas também, no sentido de “momentos” outro modo de movimento na formação da/na educação ambiental à renovação e o maravilhamento nas passagens experimentais com o ambiente, arestas que renovam o foco e possibilitam outras dimensões.

Desta forma, podemos dizer que as formações sensíveis fomentadas e nomeadas, neste trabalho, propiciadas nas experiências de sentido nos espaços de convivência estão cheias de intencionalidades viajantes para percorrer variados processos do “esperançar” da educação que é ambiental.

REFERÊNCIAS

 

GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental crítica. In:BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental. Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: MMA, 2004. p.25-34.

LARROSA, Jorge Bondia. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação. São Paulo, n.º 19, Jan/fev/mar/abr, 2002.

MACEDO, Roberto Sidnei. A etnopesquisa implicada: pertencimento, criação de saberes e afirmação. Brasília: Lider livro, 2012.

MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

RODRIGUES, Cae; GONÇALVES, Luiz Junior. Ecomotricidade: sinergia entre educação ambiental, motricidade humana e pedagogia dialógica.  Motriz, Rio Claro, v.15, n.4, p.987-995, out./dez. 2009.

 

 

 

 


[1] Texto parte da dissertação de mestrado: “Educação Ambiental nas travessias, aventuras e paixões das experiências-sentidos de professores/as com o local”, na Universidade Federal de Espírito Santo, aprovado em 20 de maio de 2013; e parte do texto de submissão à modalidade de comunicação da Anpedinha Sul-2014 e parte do artigo da revista eletrônica REMEA.

[2] Professora e pesquisadora NIPEEA- ES, doutoranda em Educação UFES-ES. dedeciencias@gmail.com